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Os evangélicos brasileiros e Israel: a relação entre crenças religiosas e o conservadorismo político. Por Willian Barros

Nasci em um lar evangélico e uma das primeiras imagens sobre Israel que vi quando criança era um quadro pendurado na parede de casa com a paisagem de Jerusalém e ao fundo a bandeira de Israel. A relação entre os evangélicos brasileiros, em particular...

Publicado em: 14/10/2023

Atualizado em:14/10/2023

Os evangélicos brasileiros e Israel: a relação entre crenças religiosas e o conservadorismo político. Por Willian Barros

Nasci em um lar evangélico e uma das primeiras imagens sobre Israel que vi quando criança era um quadro pendurado na parede de casa com a paisagem de Jerusalém e ao fundo a bandeira de Israel. A relação entre os evangélicos brasileiros, em particular...

Publicado em: 14/10/2023

Atualizado em:14/10/2023

Por Willian Barros*

Nasci em um lar evangélico e uma das primeiras imagens sobre Israel que vi quando criança era um quadro pendurado na parede de casa com a paisagem de Jerusalém e ao fundo a bandeira de Israel. A relação entre os evangélicos brasileiros, em particular os pentecostais e neopentecostais, e Israel é um fenômeno complexo que envolve elementos espirituais, simbólicos e políticos. Essa relação quando vista a partir de uma perspectiva da esquerda, revela um quadro permeado por elementos de fundamentalismo religioso e conservadorismo político.

Uma das chaves para compreender essa relação é a cosmovisão desses grupos. Muitos evangélicos pentecostais e neopentecostais colocam Israel no centro dos eventos finais descritos na bíblia e veem o Antigo Testamento como parte essencial de sua fé, e nessa interpretação os judeus são frequentemente considerados o povo escolhido de Deus e uma fonte de inspiração. Essa identidade religiosa desempenha um papel fundamental nessa relação, formando o que diversos autores chamam de sionismo cristão ou evangélico, que explora essas crenças e molda o apoio fervoroso ao atual Estado de Israel.

O que até então era uma visão essencialmente religiosa, nos últimos anos desempenhou um papel importante na relação entre os evangélicos brasileiros e Israel. O governo de Israel na busca por apoio encontrou nos evangélicos pentecostais e neopentecostais aliados naturais e importantes devido à sua crescente influência no cenário brasileiro. Nesse contexto político, a relação entre os evangélicos pentecostais e Israel se encaixa em uma agenda conservadora. Isso é particularmente visível quando se observou nos últimos dias a influência desses grupos no Congresso Nacional e a pressão de diversas figuras pública ligadas à extrema-direita brasileira na defesa de Israel e de seus interesses, pressionando figuras progressistas e movimentos que condenam o apartheid promovidos pelo Estado de Israel contra o povo palestino.

A influência midiática também desempenhou um papel significativo na promoção da relação entre os evangélicos brasileiros e Israel. Programas de televisão e líderes religiosos frequentemente retratam Israel como uma nação sob cerco, o que fortalece o senso de solidariedade e identidade.

Para a esquerda é central entender a relação entre os evangélicos brasileiros e Israel e como essa aliança se apoia em crenças religiosas, fundamentalismo e conservadorismo político que desafiam valores progressistas como a defesa da causa Palestina. O debate crescente sobre o atual conflito na Palestina é complexo, exige uma análise crítica para entender os impactos sociais e políticos em um país que enfrenta o perigo da extrema-direita e a pressão do fundamentalismo religioso.

*Willian Barros é militante do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), ativista LGBTQIA+ e pelos Direitos Humanos.

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