O prefeito de Belém (PA), Edmilson Rodrigues (PSOL), integrante da Primavera Socialista, afirmou em entrevista para o site Diário do Centro do Mundo, na última quinta-feira (22), que será uma grande alegria receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-30, em 2025.
“Quando Lula anunciou o desejo do governo brasileiro de sediar, na Amazônia, a COP-30, nos sentimos em plenas condições de propor a candidatura de Belém. Nos trouxe uma alegria enorme”, disse Edmilson.
A COP-30 é o evento mais importante sobre o clima no mundo. A conferência é realizada anualmente por representantes de vários países com objetivo de debater as mudanças climáticas, encontrar soluções para os problemas ambientais que afetam o planeta e negociar acordos. A candidatura de Belém para receber o evento foi apresentada pelo presidente da República logo após as eleições de 2022, quando ele participou da COP-27, no Egito.
Estima-se que a capital paraense receberá cerca de 50 mil visitantes para o evento, em novembro de 2025. “Belém vai sinalizar ao mundo que estamos plenamente conscientes de que defender o meio ambiente é indispensável para viver melhor”, afirmou Edmilson. Leia abaixo a entrevista completa do prefeito de Belém ao DCM.
DCM: Como você recebeu a notícia de que Belém será a sede da Conferência do Clima (COP-30) em 2025?
Edmilson Rodrigues: Foi uma alegria enorme. Belém já vem trabalhando seu protagonismo na discussão climática desde 2021, quando a Prefeitura foi parceira do Encontro de Saberes Amazônia e Mudanças Climáticas, realizado na nossa cidade, reunindo cientistas e sábios tradicionais em busca de caminhos para deter a destruição da biodiversidade e a consequente crise ambiental. Neste mesmo ano, enviamos um representante oficial a COP de Glasgow e, em 2022, nossa cidade sediou a décima edição do Fórum Social Panamazônico. Então, quando Lula anunciou o desejo do governo brasileiro de sediar, na Amazônia, a COP-30, nos sentimos em plenas condições de propor a candidatura de Belém ao nosso presidente. E é claro que a aceitação da proposta nos trouxe uma alegria enorme. E as cooperações com governo do estado e os ministérios do governo do Brasil já sinalizando com recursos efetivos para realização de obras de infraestrutura em Belém, nos faz pensar que vamos consolidar investimentos, para deixar um legado para a cidade, para os povos da Amazônia urbana, principalmente.
DCM: Será a primeira vez em que o principal encontro sobre o clima acontecerá no bioma amazônico. Qual mensagem o Brasil, o estado do Pará e a cidade de Belém transmitem para o mundo ao receber a cúpula?
Edmilson Rodrigues: Uma mensagem de participação e esperança. Ainda neste ano vamos lançar a nossa Conferencia Municipal sobre as Mudanças Climáticas, que será um movimento amplo, envolvendo toda a população de Belém no debate sobre o que são as mudanças climáticas, suas consequências, os efeitos que já hoje se fazem sentir e como enfrentá-las. Ou seja vamos trazer este debate para o cotidiano das pessoas e fazer com que surjam respostas criativas e eficazes. Belém vai sinalizar ao mundo que estamos plenamente conscientes de que defender o meio ambiente é indispensável para viver melhor.
DCM: O Brasil passou, nos últimos anos, por um período de alta nas taxas de desmatamento e de falta de cuidado com o meio ambiente. Isso está mudando?
Edmilson Rodrigues: Atravessamos o pesadelo fascista e emergimos arrastando um terrível legado de morte e destruição, do qual o genocídio ianomâmi é apenas um exemplo. Fascismo e destruição socioambiental são cara e coroa da mesma moeda. Felizmente, o governo Lula escolheu a Amazônia como um terreno privilegiado para enfrentar a barbárie fascista e isto está se refletindo na queda dos índices de desmatamento e no desmantelamento de muitos garimpos ilegais. Faço votos que continuemos avançando.
DCM: O senhor tem dito que a COP-30 transformará a cidade para sempre. Em quais dimensões se dará esse legado?
Edmilson Rodrigues: Em duas dimensões. A primeira, física. São muitas as obras estruturantes para a cidade que começam a ser realizadas. Eles tem a ver com macrodrenagem de áreas alagáveis, recuperação de rios urbanos, revitalização de símbolos de Belém, como os Mercados de São Brás e Ver-O-Peso, construção de terminais portuários e parques ambientais. A segunda dimensão é imaterial. Está ligada à projeção de Belém como uma cidade símbolo da defesa da Amazônia, da sua natureza e de seus povos.