Publicado originalmente no portal do Sintusp
A(o)s trabalhadora(e)s do HU decidiram, em assembleia, organizar um ato para denunciar a situação de calamidade pela qual passa o hospital: queda de energia, falta de água quente e enxurradas que jorram das luminárias e forros a cada chuva. O sistema elétrico entrou em colapso por falta de manutenção e o HU foi sustentado por gerador à diesel. O ar condicionado central que refrigera o Centro Cirúrgico deixou de funcionar e a temperatura na sala de cirurgia chegou próximo aos 30°C, levando ao cancelamento de cirurgias, e ao fechamento do atendimento no pronto socorro. As caldeiras responsáveis pelo aquecimento de água também tiveram problema por falta de manutenção e os pacientes ficaram sem comida e sem água quente para banho.
Em 2013, a reitoria cortou a verba destinada para a reforma estrutural do HU que previa a modernização de todo o sistema elétrico, caldeiras, hidráulica, além da expansão da capacidade física e adequação às normas de segurança que incluiria, dentre outros setores, o pronto socorro adulto e infantil e a UTI. Em 2014, tentou entregar o HU para a Secretaria Estadual de Saúde que, diante de uma forte greve da(o)s trabalhadora(e)s e estudantes da USP, foi obrigada a recusar. Em 2015, promoveu um programa de demissão voluntária que ocasionou a redução do número de funcionária(o)s de 1.759 trabalhadora(e)s para 1.456, chegando à 1.298, em 2020, segundo Anuário Estatístico da USP. Essa política que seguidas gestões da reitoria da USP vem tendo, reduziu drasticamente a capacidade de atendimento à população da Zona Oeste, bem como de estudantes e servidora(e)s da universidade, como demonstra tabela abaixo produzida pela Associação de Docentes da USP (Adusp). Dessa forma, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), a Adusp, o Diretório Central do Estudantes da USP (DCE) denunciam que a reitoria está deliberadamente contribuindo com o desmonte do SUS, sistema tão fundamental como evidenciou a pandemia.
Além disso, em junho de 2022, o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior destinou R$ 217 milhões para reformas no Hospital das Clínicas de São Paulo e no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, ambos administrados por duas fundações de direito privado, a Fundação Faculdade de Medicina (FFM) e a Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência do HCRP (FAEPA). No evento de doação, o então governador Rodrigo Garcia ressaltou a importância da universidade investir nos hospitais. Entretanto, internamente, a reitoria afirma que a USP não tem condições de financiar o HU que possui um orçamento total de cerca de R$ 301 milhões e é o único hospital da USP que ainda está sob administração direta. Com isso, cresce a suspeita de potencial conflito de interesses e soma-se à fatos como o atual reitor Carlotti Jr, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, ter sido membro do conselho curador da FAEPA e ter votado no Conselho Universitário a entrega do HRAC à SES que depois entregou à FAEPA a administração deste hospital. Outros ex-reitores, como Marco Antônio Zago e Suely Vilela, também foram membros de conselhos que administram a FAEPA.
Recentemente, a reitoria apresentou uma proposta de investir R$ 150 milhões anualmente para custear o atendimento médico de servidora(e)s docentes e não docentes da USP através de planos de saúde privados ao invés de investir essa verba pública no HU. O Sintusp questiona a decisão da reitoria de doar R$ 217 milhões para hospitais administrados por Fundações Privadas e não destinar nada para reformas urgentes que há anos são necessárias no HU, que é administrado diretamente pela USP. Assim como, questiona a não reposição do quadro de cerca de 600 funcionária(o)s do HU que poderiam se reverter em amplo atendimento à população.
Diante de tudo isso, Sintusp, Adusp, DCE, movimentos populares de saúde e de moradores como o Coletivo Butantã na Luta, assim como organizações estudantis, convocam um ato que se realizará nesta quarta-feira, 01/03, das 12h às 14h, em frente ao HU-USP.
Para mais informações:
Sintusp 3091-4380
Adusp 3091-4465
DCE – (15) 98139-0908 / [email protected]
Coletivo Butantã na Luta