CONTRIBUIÇÃO DA BAHIA PARA O 2° ENCONTRO PRIMAVERA SOCIALISTA
2° Encontro Estadual rumo ao 2° Encontro Nacional.
O coletivo estadual da Primavera Socialista da Bahia, atendendo a convocação da Coordenação Nacional da Tendência reuniu-se em formato virtual no dia 05 de dezembro às 19hs.
Após debates e reflexões tiramos os seguintes encaminhamentos consensuais:
1. Conjuntura
Após a acertada posição de apoio a Lula já no primeiro turno das eleições de 2022, quando cerramos fileiras para derrotar o fascismo e passado quase um ano de governo Lula consideramos que; na questão das relações internacionais o governo tem tido uma posição justa, rompendo com a subserviência vil ao governo dos EUA.
– Construção de alternativa as políticas dos americanos e seus aliados da Europa ocidental;
– O governo acerta ao retomar a articulação do Mercosul e consolidação dos Brics;
– Fortalecimento de um bloco econômico e moeda alternativa aos EUA e ao dólar;
– O PSOL tem se posicionando com firmeza afirmando apoio ao governo, mas se posicionando com independência quando necessário;
– O governo está vacilante em questões como segurança pública efetiva de proteção a juventude negra, combate ao racismo e a violência contra as mulheres;
– Políticas públicas de redução das desigualdades se arrastam, bem como ações práticas de controle de devastação ambiental nos diversos biomas;
– Na Bahia o governo do PT tem dado continuidade aos desmandos do projeto neo desenvolvimentista dos últimos períodos, investindo prioritariamente nas ações de infraestrutura do capital; fortalecendo a máquina da morte e reafirmando as políticas de combate às drogas. Dando sequência ao genocídio da juventude negra e de baixa renda;
– O governo baiano desconsidera o protagonismo do PSOL nas eleições 2022, que entregou uma carta compromisso quando nos juntamos no segundo turno e nada tem sido levado em conta.
2. Sobre Tática, Estratégia e Construção Partidária
O 8° Congresso do PSOL representou um marco definitivo de superação do esquerdismo e sectarismo no partido. O debate de construção de um Programa Democrático e Popular, que possibilite o partido dialogar afetivo e efetivamente com os seguimentos das lutas populares, movimentos sociais e classes do trabalho. Do mesmo modo nessa perspectiva o PSOL se abre para diálogos construtivos em frentes e alianças com partidos progressistas e sociais reformistas potencializando nossas possibilidades eleitorais para 2024, A reeleição de Edmilson Rodrigues e a eleição de Guilherme Boulos se destacam como fulcrais para a consolidação do PSOL como alternativa de poder.
No entendimento do coletivo baiano, este 2° Encontro Nacional da Primavera é uma importante retomada do que foi iniciado em Valinhos no encontro de fundação; Uma nova narrativa da perspectiva estratégica de luta pelo socialismo onde a classe é percebida e considerada para além do mundo do trabalho, ou seja a classe numa perspectiva holística dos oprimidos (a classe tem gênero, raça, orientação sexual e toda uma diversidade cultural do nosso país que é continental) que compõem essa nova narrativa estratégica e entendimento de sujeites revolucionáries.
O desafio de uma nova concepção estratégica impõe uma adequada linha de construção partidária, onde a relação direção-base se estreita em um partido popular/socialista com instrumentos de participação pela base; núcleos e setoriais.
3. Sobre a Fusão com a Revolução Solidária
Como ponto de partida para esse debate consideramos que os processos de fusão entre organizações políticas de esquerda devem ser necessariamente processos de acúmulo político, de identidade programática e de construção conjunta, deve ser uma soma e não um ajuntamento. Nesse sentido, entendemos que, não obstante a exitosa construção do Psol Popular protagonizado pela Primavera e pela Revolução, não existem elementos suficientes que indiquem condições de síntese entre estas organizações.
Como se não bastassem as várias contradições e atritos entre as duas organizações Brasil afora, é muito evidente que os desafios e tarefas postas no encontro de fundação da primavera ainda estão inconclusas. As sínteses conceituais em fase inicial de entendimento coletivo, em outras palavras, a fusão de Valinhos ainda está em curso. Portanto, o que justificaria no segundo encontro (primeiro após a fusão ainda em curso), estarmos a deliberar uma outra fusão? Sendo que esta proposta de nova fusão com uma grande organização do ponto de vista quantitativo, mas absolutamente frágil do ponto de vista teórico e prático sem acúmulo partidário.
A Revolução Solidária é um ajuntamento de pessoas de diversas matizes que se unificam pelo campo gravitacional da figura pública de Guilherme Boulos e pela dinâmica popular do MTST, consideramos que estes não são, no imediato, elementos suficientes para uma síntese política para uma fusão. Aqui não se trata de ser contra a fusão como determinação, mas consideramos insuficiente e de certa forma açodada um risco desnecessário. Pois é importante ressaltar que aqui na Bahia a RS não conseguiu fundir seus movimentos de luta por moradia, já que seus militantes constroem com dois movimentos o MTST e o MNLM.
Também nos indagamos – A Revolução Solidária tem interesse nesta fusão? É a primavera que está provocando este debate?
O que os militantes da Revolução Solidária pensam sobre isso?
Diante do exposto o coletivo de militantes da Primavera na Bahia se posiciona contra a fusão neste momento.
Finalizamos nosso encontro elegendo nossa companheira e co-vereadora Laina Crisóstomo como delegada da Bahia ao encontro, além de referendar a companheira Bernadete Souza como observadora indicada da setorial sindical.
Primavera Socialista- Bahia, 05/12/2023